receita de bemviverbem



esta é uma receita bem sofisticada.

além dos ingredientes serem raros e caros (caros pois exigem real envolvimento), tem que se prestar muita atenção para não confundir certos temperos, como a sinceridade, com o que parece mas não é.
primeiro: cultivar a coerência entre palavra,sentimento, pensamento e ação, o que definirá a qualidade do sabor.se estiver difícil demais perceber o ponto dessa consistência,busque tratamento. para a receita não quebrar o dente, precisa separar o joio do trigo. não aceite o ‘parece mas não é’- fique bem atento. detecte se existe um real esforço nesse cultivo ou somente blábláblá de vendedor.cuidado para não azedar a mistura: nenhum sofrimento dá o direito de fazer o outro sofrer, isso é como ovo podre, se misturado errado põe toda a receita a perder.reserve.cure primeiro.
a sinceridade é o ingrediente mais raro.sobretudo no mercado de hoje em que prolifera, mais do que nunca, a hipocrisia.difícil um hipócrita reconhecer outro hipócrita.para encontrar sinceridade é preciso em primeiro lugar possuí-la.mesmo a possuindo será enganado, tentarão te oferecer falsos ingredientes.não desanime, fique atento, depure a sua pois é aí que está a essência do sucesso da receita.
desejo real é outro ingrediente raro. não basta ficar olhando só para a panela do outro, ela até pode funcionar como um incentivo de que a receita é realmente possível e só isso.
uma pergunta imprescindível para que o desejo tenha liga: o que
você tem oferecido para os outros? tem criado algo novo ou só copiado e enganado,repetindo idéias da panela dos outros e oferecendo o que jamais lhe pertenceu? desejo real é original.
sem paixão não há dedicação que resista.é como assar num forno sem chama.nunca nada dá liga.paixão não é vento que sopra e vai embora, paixão também se cria e alimenta, está diretamente ligada ao frescor e originalidade de todos os outros ingredientes.paixão é tempero diretamente entrelaçado, como erva trepadeira, à disposição para mudança e à renúncia a tudo o que não serve como fermento ao crescimento. observação e reflexão sincera apuram o sabor e aroma da receita.
bom apetite!

2 comentários:

Carlota Vasconcelos disse...

Que tipo de comentário fazer, quando você parece tão convicta das afirmações? Bom, se existisse tanta homogeneidade de posturas, o mundo não existiria como se conhece, pois a sinceridade só existe porque a falsidade está do outro lado do espelho, não é? Lidar com os paralelos é uma lição de gente grande e ser o que se é (de fato) pode ser doloroso, porque nem sempre podemos nadar no nosso aquário, com peixinhos empáticos. Precisamos sair para terra firme, trilhar caminhos pedrados e enfrentar tempestades. Ainda assim, quantas vezes não nos ferimos no caminho porque simplesmente acreditamos nele? Acho que é inevitável. Vale a pena ser o que se é, correndo o risco de não ser aceito. Convém a regra do "bem proceder", aquelas lições que se aprende na escolinha, não apenas por éticas ou moralidades quaisquer, mas simplesmente porque a qualquer momento o "outro" pode ser você. Ninguém disse que é fácil viver. Mas vale a intenção da receita. Abraço fraterno, Simonneta!

Simonetta disse...

concordo com tudo o que você coloca,Carlota. esta receita não é uma imposição ao menu de ninguém, é apenas uma constatação do que eu percebo que apura o sabor e a qualidade de vida, a rica troca com o outro que sou eu e o outro.
bisous